sexta-feira, 23 de setembro de 2011

24 DE SETEMBRO

Canta-se, como manda a praxe, os parabens à menina Guiné-Bissau pelos trinta e muitos anos que este ano regista; ainda que sob o signo de pesar pela morte de um dos seus ilustres "pais fundadores", o Presidente Aristides Pereira.
O desaparecimento físico dos "foundings fathers" da nossa nacionalidade constitui, seguramente, uma responsabilidsade acrescida para todos os guineenses, sobretudo, para o PAIGC, no sentido da conservação e aperfeiçoamento dos ideais da luta que muito engrandeceram o nosso minúsculo país.

Com efeito, os feitos da nossa Luta de libertação Nacional ficaram registados a ouro no grande Livro da História da Humanidade sobre a demanda da liberdade pelos povos sob domínio colonial. Não era caso para menos. É que havia liderança. Amílcar Cabral era tão só um génio, ainda por cima, cheio de virtudes. E o mais importante de tudo, era bem acompanhado pelo seu staff e companhia.

Escusado será dizer que o PAIGC da Luta de Libertação Nacional e o Cabo Verde dos nossos dias são a prova mais que provada de que havendo liderança ("lidership" para os anglo-saxónicos) opera-se milagres. E que milagres! Daí o tão falado "milagre" caboverdiano. Como diria Thomas Edison (e outros, já agora), para alguns o maior inventor americano de todos os tempos, é mais uma questão de transpiração do que de inspiração; ou dito de outro modo, trabalho, trabalho, trabalho.
A Guiné, inspirando-se na sua Gloriosa Luta de Libertação Nacional, valorizando a sua riqueza inesgotável, que são os seus recursos humanos (hoje, em abundância e sem rumo. Vá-se lá saber porquê), conseguirá sair, com os seus próprios pés e em poucos anos, do buraco em que se encontra enfiada.
Pelo contrário, o espírito de exclusão, de amiguismo, nepotismo, arrogância, falta de consideração para com o subalterno, maldade pura e dura, corrupção a olhos vistos não nos levarão a lado nenhum.
Isto de para conhecer verdadeiramente um guineense, é preciso dar-lhe o poder, é uma pena.
Por que é que somos, em via de regra, tão maus para os nossos irmãos quando temos as rédeas do poder?! Assim, todos perdemos, e pior que tudo, para nada. É só ódio e atraso.

Que os pais fundadores nos iluminem e que a Guiné seja de todos os guineenses e não só de alguns (dos que têm dinheiro ou "costa largo", ou seja, os meninos bonitos do costume.)!
Viva o 24 de Setembro!
Viva a Guiné-Bissau!
Que o Presidente Aristides Pereira descanse em Paz!

domingo, 18 de setembro de 2011

POESIA I

OS OLHOS

Os olhos com que te vejo não são os olhos da beleza passageira da paixão do aqui e agora satisfeito e nunca mais...
Os olhos com que te vejo não são os olhos do Uau, que gira, fingido...
Os olhos com que te vejo não são os olhos dos outros, do convencional...
Os olhos com que te vejo não são os olhos da parenta tradicional...
Os olhos com que te vejo são os olhos do coração apaixonado até ao amor para todo o sempre abençoado.



BENDITO VERÃO

Uma onda avassaladora de paixão me encobre e empurra, cúmplice, em direcção à praia...
sobre ti...
estendida na arreia branca, boa como nunca
os meus lábios aterram nos teus
do corpo o mesmo se diga
sob a bênção do sol todo sorrisos.

A SURPREENDENTE EUROPA

" A civilização ocidental tem um avanço considerável no plano material. Se ela se revelasse tão fecunda em técnicas de desenvolvimento interior como na sua tecnologia, estaria na vanguarda do mundo moderno. Mas quando o homem negligencia o cultivo da sua dimensão interior, transforma-se numa engrenagem da máquina, torna-se escravo das coisas; e assim, de humano, fica apenas com o nome", Dalai Lama, in SAMSARA, A Vida, A Morte, O Renascimento, p 59, Edições ASA.


A Europa, por extensão o Ocidente, logrou chegar a um estádio de desenvolvimento que encanta até o mais duro e atrasado dos Homens da Caverna. O progresso do homem/mulher branco é tal que algumas almas brancas e até mesmo negras continuam a acreditar piamente na suposta superioridade da raça branca, isto apesar dos desmentidos categóricos da própria ciência moderna.

De facto, a Europa surpreende. Lembro-me de um "homem grande" muçulmano em Bula, que conheci nos finais da década de oitenta do século passado, que não escondia de ninguém o fascínio que nutria pela Transportadora Aérea Portuguesa (TAP) e pela sua pontualidade na época colonial. Até nós (eu e alguns professores do antigo Ciclo, 5ª e 6ª classes) sempre que passeávamos pela única estrada alcatroada de Bula, imaginávamos a percorrer uma luxuosa avenida europeia. E não raras vezes, chamávamos uns aos outros, a brincar, obviamente, "ó preto", "ó branco", no sentido pejorativo no primeiro caso e positivo no segundo. Assim, não surpreende que muitos africanos - e não só - não consigam resistir a avassaladora tentação de abandonar a terra natal em demanda de um futuro melhor na Europa avançada.

Como não há bela sem senão, a Europa não consegue ser perfeita. Daí experimentar deveras dificuldades em conciliar, como recomenda Naisbitt, o "High Tech" (alta tecnologia, desenvolvimento tecnológico) com o "High Touch" (ou seja, companhia, calor humano, tempo para a família; elevação espiritual e moral, acrescento eu).

Este artigo nasce da visualização diária do meu canal televisivo internacional favorito, a Aljazeera. No seu programa SURPRISINGEUROPE, apresentado por um black, surpreende-nos com as surpresas europeias que aguardam os imigrantes africanos menos avisados. Surpresas essas contadas pelas próprias "vítimas", uns verdadeiros reporteres ocasionais:
pessoas presas em centros de detenção na Holanda, por falta de papéis, e que se dizem objectos de maus tratos e aconselham os "manos" a nunca se atreverem a desembarcar um pé na Holanda;
relatos extasiados sobre a famosa TOMATINA, a "Guerra dos Tomates", que junta anualmente milhares de foliões em Bunol, Espanha; isto para não falar da corrida de touros de Pamplona ( a celebérrima Festa de São Firmino, de todo incompreensível para um africano.), na qual touros desvairados machucam e até matam pessoas em êxtase;
holandeses que se fazem à água gélida, logo nas primeiras horas da matina, para se purificarem e entrarem com o pé direito no Novo Ano; o racismo saloio de alguns brancos...
A reportagem que mais me impressionou tinha que ver, digamos, com a "Terapia do Riso". Um black, o reporter, extasiado com o que via, estaciona a sua bicicleta num extenso espaço verde e começa por admirar, mudo de surpresa, mulheres estendidas ao comprido e...mortinhas de riso. De resto, gargalhadas havia-as para dar e vender. Segundo uma senhora que ouviu, por sinal, participante na terapia, os europeus levam a vida demasiado a peito, trabalham muito e o riso não é para aí chamado. Daí necessitarem duma cura dessas. O nosso herói lá foi convidado a experimentar a coisa. Não esteve com cerimónias. Deitou-se sobre uma toalha e...desatou a "kakarejar", "ka, ka, ka...". Minutos depois, pós-se de pé, e..."ka, ka, ka...". Valeu. Tinha ganho o dia e, já agora, saúde. E você, meu caro leitor, entre na onda e ria a bom rir. Não precisa de motivo: ka, ka, ka...Surpreenda-se, libertando o riso que há em si todos os santos dias! Seja o primeiro e o último a rir. Que faz bem, faz. Aproveite e seja feliz! Ka, ka, ka...